A partir de hoje, inicio uma série de conteúdos aqui no blog do ClubPetro nos quais vou tratar alguns pontos que indicam o potencial que o etanol tem para a matriz energética brasileira.
Além disso, abordarei, de forma simples e prática, os motivos que fazem com que o etanol possa fazer com que os postos de combustíveis sejam líderes da transição energética do Brasil.
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Por que o etanol, mesmo poluindo, é considerado um combustível verde?
Precisamos entender que o debate sobre novos combustíveis tem várias vertentes, desde a tecnologia, avanços da popularização de outros meios, até a necessidade de controle de emissão de carbono. Neste artigo vamos focar nas questões logísticas e ambientais, além do ponto de vista do consumidor. Claro que é importante olhar através de vários pontos e faremos isso, apenas por etapas.
O etanol é um combustível renovável, que em todo seu processo de fabricação, desde plantio, colheita e moagem, tem emissões de gases de efeito estufa, assim como na utilização nos veículos, geradores e termelétricas. O ponto importante desse processo todo de geração de CO², é que, durante o amadurecimento da cana, a quantidade de ar renovado consegue diminuir esse impacto de forma a chegar perto de se anular.
Só isso já torna a viabilidade do etanol como o combustível para liderar essa transição energética como o mais eficaz dentre os existentes atualmente. Isso quer dizer que, dentro das possibilidades de emissões e troca por ar renovado, o etanol dá banho nos demais combustíveis que estão em desenvolvimento. Além do posicionamento estratégico de economizar investimentos durante essa transição dando ao país uma competitividade diferenciada em relação a maioria.
Logística e sistema de distribuição de combustíveis no Brasil
Em toda discussão ou debate sobre o meio ambiente, os interesses dos países pela autossuficiência energética são omitidos. Isso significa liderança no comércio e indústria mundial. Apesar de não ser comum esse debate no Brasil, os governos são lenientes quanto a isso, mas é importante dizer que, uma transição energética, não significa apenas mudar o tipo de combustível base de um determinado país. Tem toda uma mudança no processo logístico que inclui transporte e armazenagem desse novo combustível.
Isso gera custos enormes e ainda mais relacionado ao tamanho do país. É muito fácil falar de transição na Europa em que os países têm tamanhos de estados brasileiros. É fácil porque, principalmente, é mais barato. Além disso, o modelo de governança desses países permite essa mudança de forma planejada e mais rápida. Esse é, talvez, o maior desafio do Brasil.
O grande trunfo brasileiro é que já temos o modelo de captação de energia com ampla frente renovável em comparação a maioria dos países do mundo e não temos a necessidade de investimentos tão altos e mudanças tão bruscas em nossa cadeia de fornecimento, além disso temos o etanol.
Esse combustível pode substituir a gasolina tranquilamente, desde que os investimentos sejam feitos e esses serão muito menores e em menor tempo que qualquer mudança energética que vier a ser proposta.
Poucos países no mundo têm essa possibilidade energética proporcionada pelo etanol, que permite ter uma real possibilidade de substituição da gasolina e até do diesel, de forma a aproveitar toda a cadeia de fornecimento sem precisar de nenhum investimento no processo de transporte e armazenamento. Sua produção pode gerar mais empregos interiorizando renda e transformando o país dando mais qualidade de vida nas cidades do interior e proporcionando um alívio nas cidades.
O etanol tem muitas possibilidades para gerar valor e riqueza, mas, para isso, é preciso investimento em duas áreas.
Onde investir para tornar o etanol lider da transição energética no Brasil
O primeiro investimento é na revenda, a qual precisa abraçar essa ideia. Já tenho dito em diversos artigos que é preciso parar de vender gasolina. O etanol é um produto que pode agregar muito valor para a economia, principalmente por conta dos valores em pauta. Gera mais empregos, polui menos e ajuda a despoluir o meio ambiente com seus plantios e colheitas.
O revendedor precisa abraçar essa ideia até mesmo para garantir a sobrevivência do seu modelo de negócio. Carregadores elétricos podem ser colocados em qualquer lugar, ser manuseados por qualquer pessoa, sem necessidade de uma logística ativa por trás. Concorrer diretamente com esse modelo pode sucatear os postos brasileiros. Precisamos aprender a vender etanol.
O segundo investimento é no consumidor. Passamos décadas acreditando na famosa conta 70/30. Preciso dizer isso para você: ELA MORREU. Não existe mais essa diferença, pois os carros mudaram, a gasolina mudou e nada foi feito para tirar essa imagem de que o etanol não rende tanto. Rende sim. Em alguns casos rende mais que a gasolina, mas para isso é preciso mudar a cultura de que uma conta exata defini isso e começar desafiar o consumidor a fazer sua conta.
“O consumidor não gosta do etanol porque tem que ir mais vezes ao posto de combustíveis”. Você é comerciante, tem um produto que aumenta a frequência do seu cliente no seu estabelecimento, e você investe em outro produto, que diminui as vezes que seu cliente te visita? Como assim? A revenda precisa entender que, fazendo parte do varejo, a mudança de gestão tem que ser estratégica. Não dá para ficar esperando e focando energia nas ações e decisões que não podem ser controladas pelo revendedor.
Adote o etanol no seu posto, mude a visão dos seus clientes. Inicie essa corrente por você e seus colaboradores. Comece a aprender a vender produtos que possam agregar valor ao meio ambiente, à sociedade e ao seu negócio.
Faça os testes, deixe sua SUV a diesel na garagem e experimente o etanol. Veja como esse produto, brasileiro, que ajuda o meio ambiente e gera empregos para famílias pode, mudar os rumos da transição energética do país e, ainda assim, fortalecer o seu negócio.
Em minhas palestras sobre mobilidade tem justamente uma que falo muito dessa geração de valor do etanol, do processo de mudança no comportamento do consumidor e nos fatores de escolha dele. Leve essa palestra para sua rede, sua equipe ou sindicato.
No próximo texto, falaremos sobre o caminho sem volta dos carros elétricos e como o etanol pode resolver o problema das baterias. Até lá!
Roberto James
Autor & Especialista em comportamento do consumidor