O mercado de biodiesel no Brasil está prestes a entrar em uma nova fase, marcada por crescimento acelerado e desafios significativos. Com a previsão de aumento gradual na mistura obrigatória do biodiesel no diesel comercializado, as projeções para 2025 e os próximos anos indicam transformações importantes no setor.
Ao mesmo tempo que o projeto de lei Combustível do Futuro promete impulsionar a biocarbonização no país, questões como a escassez de matérias-primas, a alta na demanda e o impacto nos preços tornam o cenário mais complexo. Neste texto, analisamos as principais tendências e desafios que moldarão o mercado nos próximos anos.
Em 11 de setembro de 2024, a aprovação do projeto de lei Combustível do Futuro pela Câmara Federal trouxe uma diretriz clara para o setor. Apesar de não ter um impacto imediato no mercado, a lei definiu metas ambiciosas:
- Março de 2025: A mistura de biodiesel sobe para 15% (B15).
- 2030: A obrigatoriedade atinge 20% (B20), colocando o Brasil em posição de destaque global em biocombustíveis.
Essa evolução, embora positiva para a sustentabilidade e a inovação, carrega consigo preocupações em relação à infraestrutura, disponibilidade de matéria-prima e impacto inflacionário.
Matérias-Primas: Desafios e Pressões no Mercado
Atualmente, o óleo de soja é a principal matéria-prima para a produção de biodiesel, respondendo por cerca de 73% da produção nacional. No entanto, o mercado já antecipa um crescimento acelerado na demanda:
- Projeção de aumento de até 150% na demanda de óleo de soja até 2030.
- Produtores estão represando a venda, aguardando valorização dos preços, o que cria um cenário de oferta reduzida no curto prazo.
Como alternativa ao óleo de soja, o sebo bovino aparece como uma importante matéria-prima secundária. Contudo, os preços do sebo também estão pressionados, e a produção nacional enfrenta um desafio adicional:
A maior parte do sebo bovino brasileiro está sendo exportada para os Estados Unidos. Isso ocorre porque os americanos têm enfrentado problemas de qualidade no óleo de soja chinês, que não atende aos padrões esperados, forçando a busca por matérias-primas de qualidade superior.
Esse cenário gera escassez interna e, consequentemente, pressão sobre os preços do biodiesel.
A Influência do Diesel S10 e a Alta da Demanda
Além das questões de oferta, a demanda crescente por diesel no Brasil impacta diretamente o biodiesel. Especialistas projetam um aumento de 2% ao ano na demanda por óleo diesel nos próximos anos (2025-2027), o que impulsionará ainda mais o mercado de biocombustíveis.
Fatores-chave para essa alta incluem:
- Redução na oferta de óleo de soja e sebo bovino.
- Retenção de matéria-prima pelos produtores, que aguardam melhores preços.
- Aumento na demanda por diesel e a influência do biodiesel na formação de preço do diesel S10.
Impactos Econômicos do Biodiesel
Com a expectativa de aumento nos custos das matérias-primas, o mercado prevê impactos inflacionários. O preço final do diesel – essencial para o transporte e a logística no Brasil – poderá ser diretamente afetado, impactando o bolso do consumidor e gerando efeitos em cascata em toda a economia.
Contudo, o setor de biodiesel vive um momento crucial de crescimento sustentável e de adaptação às novas demandas. Com o avanço da mistura obrigatória e o incentivo do Combustível do Futuro, o Brasil reforça sua posição como líder em biocombustíveis. Contudo, a escassez de matérias-primas, a pressão sobre os preços e os desafios logísticos serão fatores determinantes para o sucesso desta transição energética.
Para nós, revendedores de combustíveis, o momento é de atenção: entender as tendências do mercado, os impactos no preço do diesel e as oportunidades de diferenciação será essencial para se manter competitivo nos próximos anos.