A última edição da Revista Minaspetro, trouxe em seu Editorial, a opinião do Diretor do Sindicato, Carlos Eduardo Guimarães, sobre os aplicativos de pagamentos e cashbacks disponíveis no mercado. Vale a pena a leitura do texto “De quem é o Cliente”, que trouxemos na íntegra, abaixo:
“Há meses venho debatendo com a Diretoria do Minaspetro e com nosso setor de Comunicação qual a melhor hora – e forma – de falarmos sobre os aplicativos de pagamento/fidelidade das distribuidoras. A pandemia do novo coronavírus acelerou a procura pelos pagamentos digitais e definitivamente incorporou as “wallets” e os pagamentos sem contato ao dia a dia do consumidor. A parceria entre a BR Distribuidora e a B2W para integração do aplicativo AME aos postos da rede, e o recente boato de que o aplicativo Abastece Aí, da Ipiranga, vai virar um banco, me forçaram a trazer esse tema para a matéria de capa desta nossa edição!
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Como revendedor, sou parceiro das distribuidoras (tenho postos BR, Ipiranga, Shell e bandeira branca), mas não posso me calar diante do que está sendo orquestrado para a Revenda brasileira! Durante décadas sofremos com o monopólio da Visa e Mastercard, que nos cobravam taxas absurdas de até 2,00% no débito e 3,50% ou mais no crédito. Recentemente, com o aumento da concorrência no setor de adquirência, essas taxas baixaram substancialmente e, hoje, giram em torno de 0,60% no débito e 1,20% no crédito (em média). Mas agora o inimigo é outro! Ele vem travestido de modernidade: os aplicativos das distribuidoras. O aplicativo Abastece Aí, por exemplo, cobra taxa de 2,00% nos pagamentos em dinheiro! Vou repetir: 2,00% no dinheiro!!! Isso é quase o dobro do que cobra um cartão de crédito hoje! Sem falar nos 5% que ele cobra quando o cliente compra pela internet! Além disso, todos os clientes dos nossos postos agora não são mais nossos, pertencem à distribuidora! Se você, revendedor, decidir não renovar o seu contrato com a Ipiranga, todos os seus clientes vão receber uma mensagem sugerindo que abasteçam em outro posto! As taxas praticadas pela BR no aplicativo AME, à primeira vista, parecem um verdadeiro sonho, mas eu te garanto, não é!
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Eu pessoalmente parabenizei a iniciativa da BR Distribuidora pela competitividade das taxas e pedi garantias da manutenção dessas taxas, e a resposta foi evasiva, mas nem precisava resposta… Como é possível conceder 10% de desconto para todos os nossos clientes e cobrar só 0,50% do posto? Eu te respondo: eles estão comprando mercado, tentando correr atrás do líder (Abastece Aí), e depois? Vão passar a taxa para 3,99%, que é o padrão hoje do AME em outras transações. O aplicativo Shell Box tampouco possui taxa favorável para o revendedor e tem muito pouca atratividade para o consumidor final, pois não oferece descontos agressivos como os seus concorrentes. Quem me conhece mais de perto sabe que sou apaixonado pela inovação. O próprio Minaspetro não para de inovar. Temos nosso Aplicativo, nossos assessores têm apps, somos digitais, terminamos em junho deste ano a reforma do nosso auditório, transformando-o em um centro digital para produção e transmissão de conteúdo, mas é preciso ter um olhar criterioso sobre o assunto apps. O Sindicato não se colocará avesso às medidas de modernização que estão alinhadas à tendência da digitalização, muito pelo contrário, somos aliados da inovação em todos os processos que envolvem o nosso setor. O problema que estamos enfrentando não é “o que”, mas “como”. A maneira como as distribuidoras têm implementado o sistema desagrada, e muito! E isso não é novidade para elas, pois temos firmado nosso posicionamento em todas as oportunidades.
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Nossa principal reclamação, sem dúvida, diz respeito à falta de compartilhamento dos dados. De quem é o cliente, do posto ou da companhia? Por que somente a distribuidora tem acesso aos dados do consumidor? Informações sobre o cliente são o maior ativo do mercado nos dias de hoje. Infelizmente, as companhias não pensam da mesma forma que seus parceiros de venda. Elas acreditam que as informações são propriedade exclusiva delas, para que possam utilizá-las da maneira mais conveniente a si próprias. Aplicativos são um caminho sem volta. Eles vão ganhar vida própria e às vezes serão tão grandes quanto as distribuidoras que os originaram. Mas estes aplicativos estão formatados pensando em nós revendedores? No formato atual eu lhes asseguro que não! Acredito fortemente que se nos unirmos conseguiremos ser ouvidos pelas distribuidoras. Como presidente do Minaspetro, vou lutar para que a os apps de fidelidade das distribuidoras compartilhem os dados dos nossos clientes e que cobrem taxas competitivas, caso contrário, se depender de mim, não prosperarão na Revenda brasileira”.
Carlos Eduardo Guimarães
Presidente do Minaspetro
Fonte: Revista Minaspetro