O anúncio do fim da política de paridade de importação por parte da Petrobras, que perdurava desde a Presidência Michel Temer, em 2016, como fator de atualização dos custos ligados à produção de combustíveis de origem fóssil no Brasil, teve, como consequência, como não poderia ser diferente, a divisão de opiniões.
No texto de hoje, comparamos os pensamentos de quem defende e quem é contra a medida anunciada pelo governo, além de mostrar os prós e contras do fim da paridade de importação.
O que dizem os especialistas a favor do fim da paridade de importação
Aqueles que possuem opinião ligada a uma corrente de ideias mais alinhadas ao pensamento econômico heterodoxo, entre eles desenvolvimentistas de velha cepa e neodesenvolvimentistas, entusiasmaram-se com a notícia.
Defensores de uma maior presença do Estado na economia e de uma via de capitalismo de inspiração mais asiática, os formadores de opinião alinhados a essa tendência destacam a necessidade de o setor de combustíveis ser tratado como tema estratégico, componente até mesmo da tomada de decisões que considera parâmetros de segurança nacional, incorporados às considerações ligadas à economia.
O fim do alinhamento automático ao cálculo do custo de oportunidade definido com base na maior cotação internacional do petróleo também é tido por seus defensores como uma aposta na alavancagem do setor produtivo, em detrimento dos nichos de atividade econômica mais diretamente ligados ao sistema financeiro.
Por sua vez, há aqueles que são contra a medida
Aqueles alinhados a um elenco de ideias inspirados pela Economia Política em seus ramos mais ortodoxos, analisaram a nova política de preços da Petrobras como a repetição de velhos erros de administrações passadas, como recaídas do país ao antigo canto da sereia dos preços administrados.
Para estes, com a medida anunciada, em pouco tempo haveria o aumento relativo dos preços do barril de petróleo, com a volta das pressões altistas que determinam o cenário atual de tendência de alta no preço dos combustíveis de origem fóssil. Portanto, acreditam que, no final das contas, quem vai pagar a conta são os mesmos: a revenda de um lado e, de outro e em última instância, o consumidor final.
Quem tem razão? Nenhum dos dois e ambos ao mesmo tempo
Têm razão os desenvolvimentistas na avaliação de que, no cenário atual, de guerra na Ucrânia e pressão de alta sobre o barril de petróleo, a PPI é sinônimo de instabilidade no preço dos combustíveis com tendência para altas mais frequentes. Nesse cenário, representa vantagem para o consumidor final na medida em que os agentes econômicos mais favorecidos são aqueles sob a propriedade de fatores internos de produção. Ganha a Petrobras e, sobretudo, o parque brasileiro destinado ao refino do petróleo.
Por outro lado, está correta a ortodoxia liberal ao questionar a durabilidade dos resultados positivos de tais políticas, pois os custos internos, a exemplo dos custos de prospecção do petróleo do pré-sal, podem se elevar de tal maneira que tornem a importação do petróleo mais atrativa.
Em defesa da nova política de preços, o atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tem salientado o fato de a nova política de preços não significar, de forma alguma, o abandono puro e simples da relevância dos preços internacionais na determinação das cotações a serem escolhidas na cadeia produtiva. Objetivou-se atingir o automatismo da PPI. O preço internacional continua a ser uma variável relevante, mas será, quando muito, um valor de referência e uma possibilidade de escolha.
Além disso, o risco de que a Petrobras volte a amargar tempos não tão longínquos de prejuízos catastróficos por conta de políticas de preços equivocadas, estaria completamente descartado, segundo se pode depreender da descrição da nova política de preços e segundo tem afirmado o próprio Prates. Isso graças ao fato de o chamado “princípio ótimo da Petrobras no mercado” ser um dos pilares do novo arcabouço regulatório.
Alta nas ações da Petrobras
Virtuosa ou não, a nova política de preços da Petrobras resultou, ao ser divulgada, em aumento das ações da empresa nas cotações do Ibovespa. A pergunta que fica é: por que o tão volátil mercado financeiro “gostou”, pelo menos de início, da medida?
A resposta pode residir na maneira como a diplomacia do petróleo pode estar esperta e, de certa forma, camuflada na geopolítica da Guerra da Ucrânia. O fator determinante, nesse tabuleiro de xadrez, é a Rússia de Putin, terceira maior produtora de petróleo do mundo. A neutralidade brasileira na prática, bem como a defesa, por parte do presidente Lula, de uma postura menos belicosa do ocidente, tem angariado a simpatia de Moscou, de resto parceira de Brasília no âmbito do Brics.
Em outro tabuleiro, este regional, as reticências do governo brasileiro em dirigir petardos mais diretos rumo à outrora demonizada Venezuela, sinalizam uma formidável possibilidade: a “pegada leve” no sentido da defesa do direito à autodeterminação dos venezuelanos mira, na verdade, o barato petróleo da Bahia de Maracaibo, e passa pelas reservas do único sul-americano membro da Opep.
Assim, a nova política de preços da Petrobras pode ser tudo menos simplória. O maior problema é que, nessa complexa equação, uma variável a ser considerada é o déficit de segurança jurídica na hora de se definir um dos mais estratégicos preços do país.
Cabe à revenda aguardar cenas dos próximos ca´pítulos e se resgardar com as armas que tem quanto aos possíveis impactos decorrentes dessa nova medida no curto prazo. Uma delas é a fidelização de clientes, que, a qualquer prazo, faz com que os motoristas escolham seu posto não apenas pelo preço dos combustíveis, mas também pelo serviço prestado e pelas vantagens que só um Programa de Fidelidade pode oferecer. Clique aqui e conheça o Fidelicash, do ClubPetro. O único programa do mercado que possibilita oferecer descontos e benefícios aos clientes sem impactar a margem de lucro do seu negócio.