Escrevo este texto com a certeza de que muitos revendedores irão discordar, outros apoiar, mas nada como um novo governo para realizar as mudanças necessárias. Me perdoe meu amigo e mestre Marcelo Borja, sei de sua opinião contrária, mas está chegando o fim dos frentistas em postos de combustíveis.
Recebi essa semana o convite da Feira da NACS no EUA, confesso que não gosto de ir. Me vejo naquele ambiente sempre como um peixe fora d’água, um empreendedor impotente com tecnologias que não são permitidas em meu país. Ah se eu pudesse comprar aquelas bombas self-services… como seria diferente.
Este sentimento nos mostra o quanto estamos atrasados, o quanto os últimos governos populistas nos privaram do futuro.
O Senado Federal está com uma consulta pública sobre a a instalação de bombas de autosserviços nos postos de abastecimento de combustíveis, além do Projeto de Lei nº519, de 2018, que causaria o fim dos frentistas em postos de combustíveis.
Vivemos novos tempos, a era da disruptura, empregos tradicionais estão virando peças de museu. Então por que o posto precisa de frentistas? Qual o sentido disso? O mundo inteiro já se adaptou, os países ricos não utilizam mais deste profissional para ajudar no atendimento.
Por que nós, que vivemos numa nação subdesenvolvida necessitamos? Que dificuldade é essa para realizar os serviços básicos? Nossa geração tem que se qualificar para algo muito maior, não num serviço que não é mais necessário a presença de um profissional. Preciso dessas respostas para entender o meu lugar no mercado.
Acredito que no novo governo iremos extinguir esta profissão do mercado e em 5 anos lembraremos como éramos limitados e acomodados, que não conseguíamos abastecer o próprio carro sem a ajuda de alguém. Esse profissional que nos ajudou tanto precisa se qualificar e estar preparado para novos desafios, não nessa função atual.
Vamos deixar nossas crenças de lado e pensar agora no óbvio, o governo Bolsonaro vem com uma política de suporte ao empreendedor, o Paulo Guedes tem esse discurso afiado. Os sindicatos dos trabalhadores perderam força com o fim da contribuição obrigatória, já não se sustentam com as próprias forças. A tecnologia vem exterminando empresas que não se adaptam, o posto com certeza está nessa lista.
Em meio à crise de desabastecimento de combustíveis, causada por bloqueios nas estradas pelos caminhoneiros, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) lançou, o estudo “Repensando o setor de combustíveis: medidas pró-concorrência”.
Entre as nove propostas para melhorar o mercado, a autarquia sugere:
– Permissão para que os produtores de álcool vendam diretamente aos postos.
– Fim da proibição de importação dos produtos pelas distribuidoras.
– Instalação de postos de autosserviços (fim dos frentistas).
– Revisão da forma de tributação.
A ANP está acabando de aprovar a venda direta do Etanol, as outras medidas em breve podem ser aprovadas também, inclusive a do autosserviço.
É tão óbvio que parece que não acreditamos, afinal cadê o ascensorista do elevador? O motorista de táxi teve que arrumar outro emprego ou virar Uber, assim como o trocador de ônibus. E o frentista? Acha que ele vai continuar? Seja sincero.
Está na hora de discutir quais adaptações serão necessárias para nossas bombas de combustíveis, lava-jatos, lojas de conveniência… nosso mercado mudou, a tecnologia chegou, temos que nos adaptar a essa ideia e acelerar esse processo de mudança. Se é uma tendência sem volta, por que não acelerar isso, por que não unir os sindicatos num propósito comum?
Vendemos um produto que não agrega valor em sua cadeia produtiva, a tendência lógica é de as margens abaixarem ao limite. Nosso negócio não é vender combustível, nosso negócio é imobiliário. Seu posto abastece por dia centenas de carros, as vezes milhares, num ponto super valorizado: crie outros atrativos para rentabilizar seu negócio.
Quantos inquilinos você tem em seu complexo de lojas? Quando os frentistas não forem mais necessários, seu posto deve ser um centro de compras com diversos segmentos, onde o cliente encontra tudo perto de casa, porque aquele atendimento com sorriso no rosto vai acabar. Cuidado para não dormir no ponto e perder o bonde.
Em 2019 o ClubPetro inicia investimentos para atender esse novo cenário, acreditamos que esse futuro tão longínquo irá chegar rapidamente.