Nos últimos dias, diversos revendedores, donos de Postos de Combustíveis, vêm me relatando que, ao receber o combustível para realizar a análise da qualidade, se deparam com uma situação atípica: a gasolina está com densidade muito baixa, inferior a 0,715 e com a medida abaixo do menor número na Tabela de Conversão de Combustíveis.
Essa situação deixa o revendedor com dúvida da qualidade do combustível, o que é fundamental em um setor já tão marginalizado. Mas quando ligamos para o assessor comercial para entender melhor o porquê disso, a grande maioria não sabe dar o real posicionamento para uma solução.
Diante disso, liguei para Marcelo Gauto, Químico Industrial, especialista em Petróleo, Gás e Energia, e solicitei que me ajudasse a solucionar tal dúvida. Irei compartilhar com vocês o posicionamento dele, que é uma grande referência do nosso setor:
Marcelo Gauto: “A principio, pela Resolução ANP Nº 40 de 25/10/2013 que rege atualmente, não consta um parâmetro que limita valores para a massa específica, portanto basta registrar o valor. Em Agosto desse ano, irá vigorar a Resolução ANP Nº 807 de 23/01/2020 que vai passar a exigir uma massa específica mínima de 0,715”.
Ricardo Pires: “Mas se eu receber a gasolina com densidade baixa, quais problemas podem acarretar?”
Marcelo Gauto: “Somente a densidade baixa não condiciona a nenhum problema. Mas a baixa densidade mostra que tem alguns componentes mais leves dentro da mistura que compõe a gasolina e isso pode sim colocar algum outro parâmetro fora de especificação. A orientação é entrar em contato com a distribuidora que forneceu seu combustível, relatando essa densidade que está mais baixa e solicitando também um relatório técnico mais detalhado do combustível recebido, para ver se nenhum outro parâmetro está fora de especificação, tais como:
- Ponto Final de Ebulição máximo de 215°.
- Número de octano mínimo de 82.
- Índice antidetonante de 87 na gasolina comum e 91 na premium.
- Pressão de Vapor (PVR) máximo de 69 kPa.”
Componentes muito leves na gasolina, tendem a reduzir o ponto final de ebulição, o número de octano e o índice antidetonante, bem como aumentar a pressão de vapor do combustível, prejudicando a queima no motor dos automóveis. Por isso, é importante conversar com o seu assessor se estes demais parâmetros estiverem enquadrados.
Densidade baixa, por si só, não representa problema algum no combustível, desde que não afete os demais parâmetros de qualidade, como os acima destacados em especial.
Reforço que, a partir de agosto de 2020, passará a valer a exigência de densidade relativa mínima de 0,715, medida a 20°, para gasolina comum e premium, momento a partir do qual, receber gasolina com densidade menor do que este valor, será um problema.