Por Roberto James, Especialista em comportamento do consumidor e dono do Canal Errejota
Antes de entrar no assunto do artigo vou me apresentar. Sou Adm. Roberto James, conhecido como Errejota, consultor por profissão e administrador de empresas por opção, especialista em comportamento do consumidor e estudioso do setor de logística, comportamento e consumo. Tive passagens por empresas como Janeking e Ambev, atuo no mercado de combustíveis há 15 anos entre distribuição de líquidos claros, lubrificantes como Texaco e BR e em consultoria de postos de combustíveis. Professor convidado da escola técnica do SENAI/RN trago na bagagem anos de treinamentos e palestras sobre atendimento e comportamento do consumidor. Agora sou colunista convidado do ClubPetro.
A política mexe na economia brasileira porque o estado é um interventor extremista. Desde decisões simples do dia a dia até a burocracia extrema exigida pelos órgãos de fiscalização e controle e os revendedores de combustíveis sabem muito bem o que é isso. Mais que ideologia, partidária ou pessoal, o governo Bolsonaro tem cedido as pressões fortes do eleitorado. Isso mesmo, as redes sociais que o ajudaram a se eleger hoje são termômetro do humor dos seguidores e isso se tornou evidente quando ele começou a questionar os preços dos combustíveis.
Em 2019 esse assunto veio à tona e foi esmagado em 2020 com a pandemia. A política de preços com paridade internacional da Petrobrás funciona muito bem com barril de petróleo abaixo de 40 dólares. O problema é a volta da demanda e o acerto de compadres do cartel de produção legalizado chamado de Opep – Organização dos países exportadores de petróleo. Hoje com o barril beirando 70 dólares e as previsões de chegada a 100 dólares por empresas de consultoria trazem para pauta a discussão da política de preços da “petróleo mãe” do Brasil.
Ao pontuar todos os acontecimentos é preciso que a revenda de combustíveis se mantenha atenta e não perca o foco do principal fator que hoje favorece, pela primeira vez em décadas, um setor tão criticado e marginalizado da sociedade: Os donos de postos de gasolina, o entendimento que os impostos são o principal vilão dos preços altos. Deve-se ter cuidado para não se perder diante de tantas interpretações, notícias, artigos e opiniões de terceiros. O momento é de reflexão, calma e foco para a revenda não perder o trem da discussão de: POR QUE O COMBUSTÍVEL É CARO NO BRASIL?
O tema da discussão parou nos impostos. Que vibração! Finalmente o governo admitiu que os impostos são altos de mais e precisa fazer algo, mas não só o governo federal e sim os estaduais. Bolsonaro baixou o imposto sobre o diesel e jogou a bola para os governadores e por um erro estratégico, se é que teve qualquer estratégia nisso, misturou o assunto com a mudança de comando da Petrobrás. Uma pergunta: O que a revenda tem a ver com essa questão de mudança de comando da Petrobrás?
Neste momento, nada! Mas lá se foi mudar o foco dos impostos para a ideologia do liberalismo, intervencionismo, promessas de campanha e “blá blá blá”. Mais uma vez os impostos ficam de fora dos holofotes, os governadores sorriem com isso e o debate vai para onde os maiores investidores querem: A independência da Petrobrás. Será que esse deve ser o foco da revenda? Quais os nomes dos 5 últimos presidentes da Petrobrás? Consegue dizer sem consulta? Por que não? Porque não é relevante para a revenda. Não muda nada. Claro que muda, vai dizer alguém indignado com a mudança na política de Bolsonaro, não muda nada. Sempre a corda quebrou nos postos e os revendedores ficam com toda a pancada e qualquer mudança dessa realidade é atropelada por outros fatores.
Em sua participação na Live do Errejota o autor e palestrante Arthur Igreja, maior nome sobre negócios e inovações no Brasil, disse em clara voz que a revenda não deve ter ideologia partidária. Não se deve misturar negócios com opiniões políticas. Que isso só deve atrapalhar o crescimento e foco do seu negócio. Um revendedor postou nos comentários que “comerciante não tem time, religião e político. Comerciante só tem troco.” Exatamente. Não se deve perder energia com política.
Quando Bolsonaro anunciou a intervenção no comando da Petrobrás resgatei uma pesquisa feita para um artigo que não evoluiu ano passado, mas que trouxe um índice que me deixou confuso e apreensivo. A maioria da população aprova a intervenção do governo na política de preços da Petrobrás. Bolsonaro errou? Do ponto de vista de quem? Dos investidores da Petr4 ou da maioria da população que paga absurdos 5 reais em um litro de gasolina? Sendo que quase metade desse valor são de impostos? Veja o resultado de uma das questões levantadas na pesquisa:
A pesquisa não foi dada a continuidade, mas esse dado ficou fixo na memória. Será que o eleitorado, em sua maioria quer mesmo o livre mercado? Embora os argumentos dos especialistas sejam totalmente favoráveis a não intervenção nesse caso, será que essa queda na bolsa que fez uma minoria de pessoas perder dinheiro “virtualmente” é de fato uma decisão ruim? Dependendo do ponto de vista terão diversas opiniões. Este artigo não pretende discutir o mérito desse objeto, mas sim a importância disso no dia a dia da revenda.
O foco do debate não pode ser perdido. Enquanto uns choram outros vendem lenços. Quando os postos revendedores amargavam prejuízos na pandemia os supermercados ganhavam Market Share, os demais setores minguavam enquanto o agro negócio explodia. Será que tudo que é levantado sobre o assunto é relevante para a revenda?
Quanto maior o conhecimento maior a desilusão pelos erros históricos. Não tem como fugir disso. O que a revenda precisa entender é que seu segmento só será levado em conta se houver uma união. Não se trata de formação de cooperativas ou conexão de sindicatos, mas sim de esforço conjunto em uma corrente: A REVENDA FICA COM A MENOR PARTE DO VALOR PAGO PELOS COMBUSTÍVEIS. Enquanto o senhor José, que vive na comunidade mais distante dos confins do brasil, não souber disso a bandeira tem que ser hasteada aos quatro ventos. A revenda precisa se profissionalizar e parar de perder foco e energia em defender políticas erradas e destoantes do seu segmento.
Com diversos bombardeios diários de jornais, blogs, grupos de zap e diversas redes sociais fica muito fácil perder a fé, o foco e as energias. A revenda deve concentrar seu foco e procurar informações e consultoria especializada. Um economista especializado em ações na bolsa pode ter muita informação, mas, afinal, na prática, quanto dessa informação será importante para você vender um litro de gasolina? Pense nisso.
Se tiver dúvidas, convido o leitor a conhecer o CANAL DO ERREJOTA no Youtube e no Instagram @canaldoerrejota para explorar este e outros temas relacionados a logística, comportamento e consumo.