A produção do etanol de segunda geração, também denominado G2, e do biodiesel à base de soja ganharam um importante aporte de ciência e tecnologia. Pesquisadores do Laboratório de Bioquímica de Plantas da Universidade Estadual de Maringá (Bioplan-UEM), em parceria com o Laboratório de Fisiologia Ecológica da Universidade de São Paulo (Lafieg-USP), descobriram um método que aumenta a sacarificação (retirada de açúcar a partir da celulose) em até 120% da cana-de-açúcar e até 36% da oleaginosa.
A descoberta torna possível aumentar o rendimento de escala de combustíveis considerados fatores-chave para a transição energética brasileira, uma vez que o etanol de segunda geração tem a capacidade de reduzir em até 25% a emissão de gases-estufa, em comparação a seu similar de primeira geração, produzido a partir do melado da cana, que já é considerado um combustível limpo.
Os cientistas responsáveis pela pesquisa explicam que os resultados foram obtidos a partir da adição de três componentes às matérias-primas: o ácido metilenodioxi cinâmico (MDCA), o ácido pipreolínico (PIP) e a dizina (DZN). O efeito dessas substâncias é o de tornar a parede celular dessas espécies vegetais, chamada lignina, mais fina. Essa característica facilitaria as enzimas à celulose no interior das células vegetais, transformando o açúcar em álcool a maiores taxas e em menor tempo.
O avanço brasileiro em C&T chega em um momento especialmente favorável, pois a Raízen anunciou, no mês passado, uma nova unidade de síntese de etanol G2, a Usina Bonfim, localizada em Guariba, interior de São Paulo. Fruto de um investimento da ordem de R$1,2 bilhão, a planta iniciará suas atividades com capacidade de produção de 82 milhões de litros ao ano. A montagem da Usina Bonfim vem se juntar a outros quatro projetos da joint venture, dois dos quais estarão concluídos no ano que vem.
As perspectivas para os combustíveis líquidos limpos no Brasil parecem mesmo passar por um período de potenciais interessantes, tanto no que diz respeito aos avanços científicos e em termos de investimento econômico, quanto pelos reveses recentes enfrentados pelo mercado de veículos integralmente elétricos.
O Governo Federal acaba de anunciar o fim escalonado da isenção de impostos para esse tipo de bem automotor, processo que, no final, deve repor a alíquota do imposto de importação aos originais 35%. A medida tem o apoio da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), formada por indústrias que produzem veículos a combustível líquido. A entidade já divulgou notas nas quais critica o que é visto como uma “invasão chinesa” de carros elétricos no mercado brasileiro.
De olho no mercado nacional, a chinesa BYD já anunciou a montagem de uma grande fábrica em Salvador, a ser instalada, ironicamente, em um parque outrora pertencente a um ícone da motorização por hidrocarbonetos: a Ford. Ao que tudo indica, essa parece ser a conclusão pretendida pelo novo Governo Federal durante todo esse tempo e estratagemas.
Como quer que seja, o setor de combustíveis renováveis e de baixo carbono líquidos vêm se tornado uma alternativa cada vez mais interessante ao automóvel 100% elétrico. Porém, mais que competidores, os dois modelos devem se comportar como complementos, os quais podem atuar, inclusive, para impulsionar um mesmo motor.
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