Segundo dados da ANP, o Brasil possui 41.532 postos de combustíveis, sendo 19.306 postos considerados “bandeira branca”, ou seja, 46,5% do mercado total. Me comprometo a não mais usar o termo “bandeira branca”, e sim “bandeira própria”, diferente da própria situação cadastral no site da ANP. Seria interessante também, que a própria Agência revisse isso.
Em cidades abaixo de 50.000 habitantes, esta representatividade é ainda maior: 55% do mercado. Em alguns estados, esta presença é tão maciça que passa de 60%. A Bahia lidera, com 65,8% dos postos de bandeira própria, em segundo lugar, Goiás com 63%, Maranhão com 62,6%, Piauí com 60,6% e Tocantins com 60%, completando os cinco estados onde as bandeiras tradicionais não têm vez.
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Os números são surpreendentes pela grandiosidade, mas ínfimo em questão de representatividade. A imprensa tradicionalmente já discrimina e julga os revendedores de combustíveis como os culpados pelo alto custo dos combustíveis, os bandeira própria então nem se fala, são tratados como sinônimo de qualidade duvidosa, gerando a impressão de produtos de má qualidade e falta de credibilidade. Já os postos que ostentam bandeiras tradicionais são os de “combustíveis de qualidade”, lógico, são eles que pagam fortunas pelos comerciais em horário nobre da TV.
Diante de todo esse cenário discriminatório, como acabar com essa má impressão?
Na minha opinião, uma grande parte dessa defesa deveria partir da Federação e dos Sindicatos, que representam os revendedores de combustíveis e, em sua maioria, os de bandeira própria. Afinal, estamos falando de quase 20.000 postos no território nacional, não estamos pedindo nada demais, apenas uma atenção maior, para uma situação que atualmente, não está sendo satisfatória. A união faz a força!
No último evento que realizamos, o Juntos Pela Revenda 2, tivemos uma excelente participação do Wladimir, da Suporte Postos, que deu uma aula sobre o tema: Por que ser Bandeira Branca? Pudemos entender um pouco mais sobre a história do segmento e os benefícios da abertura do mercado, onde os revendedores cansados dos desmandos das distribuidoras encontraram o seu “porto seguro”.
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Durante a palestra perguntamos ao público se os Sindicatos a que são filiados possuem uma diretoria específica para os postos de bandeira própria. Somente os gaúchos se manifestaram, mais precisamente o Sulpetro liderado pelo Presidente João Dal´Aqua. Seria importante que outros sindicatos fizessem um benchmarking com o Sulpetro e seguissem essa tendência, dando a devida importância a esses bravos revendedores de bandeira própria.
Eu particularmente, sinto falta de uma melhor orientação ao mercado consumidor sobre a qualidade similar dos Combustíveis entre os postos bandeirados por distribuidoras tradicionais e os postos bandeira própria.
E também que os sindicatos realizem mais eventos sobre o tema, com debates sobre a importância do investimento em imagem, principalmente desses postos, e o quanto isso poderia tornar um posto mais rentável, com o consumidor confiando mais.
Falta um maior esclarecimento sobre a compra direta de Etanol da Usina. A crise do coronavírus interrompeu momentaneamente a agenda regulatória da ANP, mas há expectativa de retomada dos trabalhos agora no segundo semestre. Não vi até o momento nenhum esclarecimento relevante aos postos de bandeira própria e isso pode ser um diferencial enorme.
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Os revendedores bandeira própria precisam de Palestras sobre a importância de estratégias comerciais, marketing e cuidados para criar campanhas no posto, medindo sempre o retorno sobre o investimento realizado.
Outro tema legal seria sobre o incentivo à Gasolina Aditivada em postos de bandeira própria. Atualmente eles têm uma média de 2,61 bicos de Aditivada por posto, e quase sempre vendem pelo mesmo preço da Gasolina Comum, não rentabilizando num produto onde as distribuidoras e revendedores hoje possuem uma melhor margem.
Muitos revendedores bandeirados hoje gostariam de sair da bandeira, mas temem. Não sabem como será sua vida pós-bandeira, se perderão volume, se terão que abaixar o preço de venda… enfim, alguns “cases de sucesso” poderiam contribuir e muito para isso.
Enfim, esses são somente alguns dos diversos temas que uma diretoria especializada nessa categoria poderia trazer a debate, tenho certeza que você revendedor bandeira própria tem muitas outras dúvidas que um bate papo com o máximo de compliance pode ajudar.
Não estou julgando ninguém, muito pelo contrário, apenas uma sugestão de quem também é revendedor, e possui postos bandeirados e bandeira própria.