Na prática jurídica, muitos problemas que surgem têm origem na pressa em tomar decisões sem a devida cautela. No setor de revenda de combustíveis, isso não é diferente! Infelizmente, percebo que muitos empresários demonstram boa-fé em detrimento da cautela, o que pode acarretar consequências a médio prazo no cumprimento das obrigações com as distribuidoras.
De acordo com as distribuidoras, as dificuldades enfrentadas pelos revendedores decorrem de operações pouco otimizadas, impactando na performance do posto. Por outro lado, os revendedores reclamam, com razão, da falta de parceria comercial em relação ao preço dos produtos fornecidos.
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Apesar dos esforços das distribuidoras em aumentar o portfólio de serviços e produtos para o consumidor final, o preço ainda é o fator preponderante. Basta ver os anúncios de aumento dos combustíveis pela Petrobras: a sociedade logo culpa os postos de combustíveis, como se não pudessem reajustar os preços para cobrir os custos, o que muitas vezes não significa aumento das suas margens.
Se as distribuidoras não assumirem uma posição de parceiras comerciais, oferecendo preços de compra no mínimo iguais aos de seus concorrentes e, quando necessário, preços competitivos para com postos de bandeiras diferentes, as obrigações contratuais se tornarão significativamente onerosas para os revendedores.
Em uma economia instável, o consumidor final se interessa cada vez mais pelo preço do produto, sem se importar tanto com o mix de produtos e serviços oferecidos pelo revendedor. Por essa razão, o crescimento dos postos de bandeira branca, que hoje representam 43% do mercado nacional, reflete uma solução mais apropriada para muitos revendedores, que nessa modalidade conseguem preços de compra mais competitivos e maior liberdade comercial.
Nesse cenário instável, é fundamental que o revendedor tenha cautela, analise o mercado em que está inserido, mantenha uma comunicação constante e afinada com a distribuidora sobre suas necessidades, revise os volumes contratados, se necessário, e reflita se o modelo proposto atende aos seus objetivos comerciais, visando sempre a manutenção do seu negócio.
Ser ou não ser um posto bandeirado atualmente impõe ao empresário uma reflexão madura sobre o negócio de “posto de combustíveis”. Já tivemos tempos áureos, mas independentemente da decisão, é essencial buscar inovação para captar clientes que desejam preço e qualidade no produto que consomem.
LEONARDO BRAGANÇA
Advogado
Consultor Jurídico SINDESTADO RJ
@leonardo_braganca_de_matos