Após a NACS Show 2017 em Chicago, fui ao México para me reunir com alguns possíveis representantes ClubPetro daquele país. Cheguei 2 dias antes da reunião e visitei diversos postos, conversei com revendedores, frentistas, motoristas e também com alguns consultores do ramo. Neste post conto o que vi sobre o setor de revenda em Guadalajara.
O México abriu o mercado recentemente, em janeiro último. Até então todos os postos tinham a bandeira PEMEX, estatal mexicana. O número de postos é bem reduzido em relação ao Brasil, são 12.000 postos em território mexicano, enquanto no Brasil esse número sobe para 42.000. Mesmo com a abertura do mercado mexicano, 11.000 postos são bandeirados da PEMEX. Os postos no México têm em média 491m3 de vendas mensais, enquanto no Brasil temos 182m3 e o preço de bomba no México estava por volta de R$3,70 o litro da gasolina.
Apesar de o mercado ter sido aberto há 11 meses, as novas distribuidoras ainda não possuem tanques de armazenamento de combustível, portanto compram 100% da PEMEX, e não conseguem ainda oferecer grandes benefícios aos revendedores. Os postos são bem parecidos com os brasileiros: frentistas, estrutura bem semelhante e loja de conveniência que na maioria das vezes possui a marca Oxxo, da Femsa.
Foi um choque ouvir de diversas pessoas do setor que no México as fraudes em postos de combustíveis são comuns, chegando a 80% dos postos. O volume comprado não é entregue em sua totalidade, sendo comum de 5% a 7% do volume comprado. Possuem equipamentos nas bombas para lesar o consumidor, que sabe desse esquema de fraude e, portanto, não confia nos postos. O governo cria diversas barreiras e regras para tentar impedir isso, mas mesmo assim a cada dia inventam uma nova solução para burlar a fiscalização. São especialistas nisso.
No México, o Cartel, como organização criminosa, ligado ao narcotráfico, é bastante atuante e muitos motoristas, principalmente de cidades menores, me relataram que compram o combustível diretamente deles, já que são lesados pelos revendedores na maioria das vezes e que, inclusive, recebem o produto em casa.É estranho para o brasileiro entender isso, ainda mais quando os mexicanos falam que preferem o cartel ao governo, pois eles os protegem e os auxiliam com produtos com menores custos.
Confesso que voltei com saudades do Brasil, que apesar de todos os problemas do setor, está ainda muito a frente do México na revenda de combustíveis.