Normalmente, o Posto no Brasil só é notícia quando há alta ou baixa no preço dos combustíveis. Principalmente quando é alta. Os grandes veículos de comunicação só se interessam pela notícia ou conteúdo no Posto se for para falar mal. Mas quando surge um conteúdo positivo, pela raridade, é preciso enaltecer e compartilhar.
No último dia 22, o jornalista Marcelo Rech publicou um artigo em sua coluna do jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul, no qual enaltece o posto brasileiro. No artigo, Marcelo cita alguns serviços prestados em nossos postos que sequer existem em países da Europa e EUA. Além disso, também compara o estado de conservação dos mesmos e diz que lá fora, a situação é bem diferente.
Leia abaixo o texto na íntegra!
“De tão acostumados a depreciar os serviços prestados no Brasil, corremos o risco de nos iludirmos quanto a algumas atividades que dão de 10 nos equivalentes do Primeiro Mundo. Supermercados, por exemplo. Não todos, mas o nível de alguns em Porto Alegre deveria atrair lojistas da Europa e EUA para conhecerem o que é qualidade associada à simpatia dos funcionários.
Não há empacotadores em supermercados europeus. Você tem de dominar a arte de abrir sacos plásticos, cobrados à parte, é claro, guardar as compras e pagar ao mesmo tempo. Em algumas lojas, já é difícil encontrar alguém de crachá – é tudo automatizado e impessoal. Onde há funcionários, espere filas, posto que, se tiver sorte, você encontrará uma ou duas caixas funcionando para cinco a 10 com luzes apagadas.
Boa parte dos hotéis e restaurantes brasileiros também já não deve nada a seus congêneres onde se fala inglês, alemão, italiano ou francês. Mas, depois de percorrer, ao longo de décadas, mais de 60 mil quilômetros em estradas europeias, norte-americanas e canadenses, cheguei à conclusão de que nada se compara ao posto de gasolina no Brasil.
Você pode odiar o preço dos combustíveis e achar que a culpa é do posto – não é, porque a cadeira alimentar da gasolina e do diesel guarda uma intricada cascada de impostos, ineficiências e monop´ólios. Você também pode deplorar o estado do banheiro de alguns postos no Brasil, e aí estaremos 100% de acordo, porque muitos ainda não acordaram para o fato do valor de um toalete bem cuidado para atrair a clientela. Mas, na média, o posto brasileiro é uma joia bem guardada.
Vejamos o caso dos frentistas. Nos EUA e na Europa, a função não existe. Você mesmo enche o tanque, nada assim tão complicado. Mas agora a onda é eliminar o posto também. Você coloca seu cartão de crédito num totem, escolhe a bomba e enche. Se der chabu, se a máquina engolir seu cartão, se a bomba não funcionar, não há a quem reclamar ou pedir ajuda. Você está órfão em um deserto onde só brotam máquinas. Quer limpar o vidro? Não tem água e nem limpador. Precisa encher o pneu? Você terá sorte se encontrar um calibrador, no qual precisará depositar um euro (mais de cinco pilas) para fazê-lo funcionar. Encontrou um posto com loja e restaurante e quer ir ao banheiro? Passe mais três a cinco pilas para virar a roleta, e por aí vai. Nem banheiro sujo tem mais.
Em alguns postos em Porto Alegre, te servem café e água gelada, enquanto calibram os pneus, limpam os vidros e colocam água no reservatório. Ok, custa alguns centavos a mais por litro – e o ideal seria se permitir a alternativa de o cliente escolher a máquina ou o homem. Mas, por razões sociais e de conveniência, não reclamo. Ao contrário, proclamo vivas ao posto brasileiro e aos brasileiros que neles trabalham de dar inveja nos motoristas europeus.”
Este e outros textos do Marcelo Rech pode ser encontrados em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/marcelo-rech/ultimas-noticias/