Uma mensagem viralizou no mercado da revenda. Recebi de diversos estados do Brasil esta mensagem escrita por um revendedor de Tocantins e que fala claramente sobre a realidade que estamos vivendo. Este cenário no qual se encontra o país, após a mudança na precificação pela Petrobras, tem transformado o dia a dia do revendedor em uma realidade distante daquela de tempos atrás, principalmente para o bandeirado.
Com o preço mudando diariamente, os revendedores bandeirados se encontram em uma posição desprivilegiada, já que, independente do preço, há um contrato firmado com a distribuidora. A mensagem, em tom de desabafo, da a dimensão do que se tornou hoje a revenda no Brasil. Antes vista como um negócio lucrativo e de posição privilegiada, hoje se mostra em declínio, fazendo com que muitos revendedores ainda estejam com o posto em funcionamento apenas para honrar com os valores exorbitantes dos contratos assinados com as distribuidoras.
Deixo abaixo a mensagem recebida, na íntegra.
“Sou revendedor Shell e Ipiranga há quase 30 anos aqui no Tocantins e nunca vivenciei uma situação tão difícil e dramática na qual a categoria passa nesse momento. Vivenciamos atualmente um cenário caótico onde somos taxados de ladrões sem ter culpa alguma do que está acontecendo, pelo contrário, nossa categoria está segurando as duras penas as altas repassadas pela Petrobras e pelas usinas produtoras de etanol.
Em toda essa cadeia nós somos os únicos que estamos abrindo mão da nossa margem de lucro bruta que já era pequena para tentarmos salvar volume, que ao meu ver sem sucesso e êxito. Os governos estaduais e federais ganham o deles limpinho, as usinas e a Petrobrás calculam muito bem o seu preço, de igual maneira as distribuidoras não abrem mão de sua margem de maneira alguma, isso claramente é notado nos balanços da mesmas. E aí fico me questionando: E nós? Nós revendedores estamos matando um ao outro na expectativa de um fôlego a mais de vida. Estamos abrindo mão de nossa margem saudável de lucro para mantermos volumes de vendas para as usinas, Petrobrás e para as distribuidoras. Vejo claramente que nos últimos anos a nossa margem do varejo passou para as distribuidoras no atacado e a deles passou para nós do varejo, a situação se inverteu completamente. Possuímos de um modo geral imóveis de esquinas valiosíssimos, altos investimentos na construção dos postos, muito trabalho e muitas obrigações que todos já sabem, tudo isso a troco de uns míseros centavos que não compensam todo o investimento, trabalho e obrigações. Gostaria que esse texto alcançasse o maior número de revendedores possível para que cada um reflita sobre o que estamos fazendo com o nosso negócio. Estamos trabalhando de graça ou até mesmo pagando para mantermos volumes para as usinas, Petrobrás e distribuidoras. Acredito eu que se precificarmos corretamente os combustíveis com uma margem de lucro saudável sem explorarmos nossos consumidores poderá ocorrer duas situações: 1-) Continuaremos a vender do mesmo jeito, talvez com uma pequena queda, mas que será compensada pela margem maior. 2-) Iremos dar uma travada nas vendas, forçando assim que o governo reveja esta carga tributária pesadíssima ou que as usinas, Petrobrás e distribuidoras diminuam um pouco a margem, o que já estamos fazendo há alguns anos, levando muitos postos ao fechamento. Somos desunidos, mas com certeza muito fortes se trabalharmos unidos em um mesmo ideal: O fortalecimento de nossa categoria. Temos que dar um basta no que vem acontecendo com nossa categoria em todos os estados do Brasil, revendedores cansados, desanimados, quebrando e sofrendo pressões de todos os lados, principalmente pelas distribuidoras que não valorizam o seu revendedor. Nunca é tarde para mudarmos uma situação adversa.
Um grande abraço a todos”.
Palmas,TO. 17/02/19