Nos últimos meses o que mais se tem discutido é o preço dos combustíveis. Parece uma discussão sem fim. O governo baixa imposto e o diesel sobe. A população protesta nos postos exigindo nota fiscal com o intuito de forçar o preço para baixo e o produto é tributado na fonte, não resolve nada. Os governadores, quando questionados, dizem meias verdades alegando que as alíquotas estão congeladas há anos. O que fazer? Por que a gasolina é tão cara no Brasil?
Primeiro tem que se desmistificar essa teoria de que a gasolina é muito cara, vivemos num país que exporta commodities e importa quase tudo de indústria e tecnologia. Só isso já demonstra que TUDO AQUI NO BRASIL SEMPRE FOI CARO, É CARO E SEMPRE VAI SER. Qualquer país que trabalhe com esse tipo de balança comercial sempre vai ter seus preços indexados ou parcialmente dependente de preços internacionais e dólar. Não existe fórmula mágica. Laranja, trigo, café, cana de açúcar entre outros são produtos regidos por preços internacionais. Quando o produtor tem a liberdade de preço vende seu produto a quem for mais interessante para ele. Não existe na pecuária, agricultura ou demais setores uma preocupação social. Experimentamos isso na crise aviária da china que os preços do frango dispararam, lembra?
Cabe ao governo federal estudar a melhor forma de tentar regular o mercado para que o consumidor interno não sofra tanto. Lembra que os governos compravam produção para manter preços altos? Para não quebrar o agro negócio? Pois é, a interferência do governo deve ser feita de forma social para que o mercado tenha um pouco de justiça no seu processo de ajuste, seja de oferta ou demanda. Por que no mercado de combustíveis tem de ser diferente? É sabido que grande parte da população entende que a Petrobras deve intervir nos preços para evitar abusos nos preços. A população não entende de economia, o liberalismo é mais importante para a economia. Será?
Todos os governos anteriores usaram a Petrobras para controlar preços. Pensando na população? Não! Apenas como um parâmetro de controle paliativo de inflação. O país pagou caro por isso. Quando a petróleo mãe teve suas ações vendidas, mantendo o controle estatal, o governo quis passar a mensagem que o “petróleo é nosso”. Então depois diz que não deve se meter. Parece incoerente, né? Vende a Petrobrás, intervém nos preços, passa a mensagem que o petróleo é patrimônio brasileiro e depois diz que tem que liberar o mercado? Muito confuso. O que esperar do consumidor? Que interprete ações como especialistas analistas de mercado? Não! Essa confusão demonstra que o resultado da pesquisa sobre intervenção de preços da Petrobrás é coerente com as mensagens passadas pelos governos anteriores.
Temos as maiores taxas portuárias do mundo, o custo de transporte, passagens aéreas, serviços telefônicos, mesmo tendo diversas fontes de energia pagamos caríssimo por energia elétrica. Será que, nos últimos anos, algum consumidor conseguiu encontrar produtos mais baratos que na semana passada de forma progressiva? Não! Tudo aumenta, tudo é caro. A renda é uma das piores, a divisão é péssima, ensino caro e de baixa qualidade, ensino superior mais caro e separatista que muitos países. Ei, o ensino federal é gratuito. Não, é pago pelo contribuinte e para acesso tem que gastar muito dinheiro e recursos estudando. Os serviços públicos urbanos são caros, mal administrados e de baixa qualidade. Por que a gasolina deve ser barata? A incoerência das ações governamentais demonstra que o país não está nos trilhos. Independente de ideologia, não se tem um plano que agregue a baixa do custo Brasil. A nação está, desde a redemocratização, apagando incêndios.
Não se baixa preços na canetada. Toda ação tem uma reação. No mercado livre isso traz impactos desconcertantes. Precisamos de investimento externo porque não temos dinheiro aqui. Porém precisa-se separar investimentos em produção de investimentos especulativos. Mais uma vez precisamos que o governo tenha essa expertise como forma de ajudar a regular o mercado atraindo investimentos bons. Entra dinheiro e se produz, produzindo gera empregos, aumentando a renda se vende mais, vendendo mais se produz mais e a economia circula mais uma, mais uma e por aí vai. Por que aqui no Brasil sempre para? Porque não nos preparamos para aumento de produção. Não temos energia suficiente, mão de obra qualificada, infra estrutura para baratear os fretes aí entramos num ciclo de frear esse crescimento para a inflação não corroer a já pouca renda brasileira.
Não se pode falar de baixar o preço da gasolina de uma forma simplificada aqui no país sem nos tornarmos uma Venezuela. Não tem. Toda a estrutura falha que coloca nossos preços para cima deve ser modificada. Os altos impostos poderiam ser mais baixos se os serviços públicos fossem mais eficientes. Veja como tudo está interligado. Altos impostos = serviços de alta qualidade, melhora qualidade de vida, mais produtividade da classe trabalhadora, menos gastos com serviços de saúde, educação e segurança e mais com o de consumo em geral. A indústria se fortalece. Com metrô e ônibus de boa qualidade, o cidadão só irá de carro realmente quando precisar. Isso empurra preços de combustíveis e de veículos para o chão.
A indústria automobilística vai trabalhar em carros mais caros. Os postos diminuirão as suas vendas, a princípio o preço cai e depois sobe, porque carro será artigo de luxo. Mas e daí? 70% da população está sendo bem atendida com serviços de transporte público, quem quiser ir de carro paga a conta.
Parece um sonho né? Não. Muitos países passaram por isso. Também podemos passar.
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