Você já deve ter percebido que ontem a população começou a ser impactada diretamente pela greve dos caminhoneiros, iniciada na última segunda.
Diversos postos em todo o Brasil já estão sem estoque de combustíveis, deixando a população em desespero e levando multidões de consumidores a fazerem filas intermináveis nos postos que ainda tem combustíveis. Mas para aqueles que ainda têm algum estoque, uma dica: não aumente o preço do combustível. Se o seu posto ainda tem combustível nos tanques, não aumente o seu preço! Mesmo que o preço de compra tenha aumentado nessa última semana evite repassar esse custo ao seu cliente, pelo menos nesse momento. Mesmo que pareça atrativo aumentar a sua margem sobre o produto, desejado por todos na rua, no longo prazo, você vai perder dinheiro. O aumento sem justificativa dos preços é prática abusiva, vai contra o artigo 39 do Código de Defesa do consumidor Se a prática for comprovada o revendedor está sujeito à multa. Diversas denúncias já foram feitas e alguns revendedores já foram multados. Ontem a gasolina chegou a custar R$ 8,99 em um posto em Pernambuco, o revendedor foi multado em R$ 500 Mil. Conheça os impactos na sua relação com o seu cliente. Posicionamento de marca é o lugar que uma empresa ocupa na cabeça de seus consumidores. Uma marca bem posicionada no mercado é aquela que tem as suas principais vantagens e características evidenciadas e afirmadas na mente do público.
Hoje para o seu cliente o seu posto é um local de referência quando ele pensa em abastecer, seja por preços competitivos, qualidade do serviço ou qualquer experiência única. Faz sentido correr o risco de perder tudo isso com uma ação de momento?
Estou acompanhando nas redes sociais uma revolta da população com os postos que estão aumentando os preços, os danos no relacionamento com cada consumidor podem ser irreparáveis para cada relação, destruindo toda a reputação da marca.
Os custos fixos do seu posto vão continuar existindo, mesmo que ele esteja sem vender combustíveis. No fim do mês você pode até ter perdido a oportunidade de ganhar mais R$ 1,00 em cada litro do seu estoque para “cobrir” esses custos, mas no longo prazo essa opção será acertada. Venda seu estoque existente com a margem “normal”, fique de olho para receber combustível logo e mantenha a reputação do seu posto.
Uma dica para momentos como esse no futuro é se preparar melhor. Fique atento ao noticiário, se programe e mantenha seus tanques cheios para aguentar passar mais dias nessa situação. Seu consumidor tem uma necessidade básica de ir e vir, são nossos combustíveis que movimentam o país, que possibilitam que eles trabalhem, viagem e saiam de casa. Ser uma opção com combustível para o seu cliente nesse momento difícil é um diferencial, conquista e fideliza os clientes ainda mais em seu posto. Uma solução para o problema é diferente de uma solução para a paralisação.
Enquanto escrevo este post leio também notícias em sites, acompanho a televisão e principalmente fico de olho nas redes sociais. Vejo revendedores em todo o Brasil compartilharem a situação que estão passando no seu posto e posso afirmar que a greve é séria, tem apoio de boa parte da população e vai precisar de algo mais forte do que foi apresentado até agora pelo governo.
Estamos em ano de eleição, não temos posicionamento partidário, mas acreditamos que as opções dos nossos governantes nos afetam negativamente e diariamente. E isso é histórico, nosso governo sempre protegeu o monopólio da Petrobras, que coincidentemente esteve envolvida também nos escândalos políticos dos últimos anos. A nova política de preços praticados pela Petrobras definiu que o preço dos combustíveis no Brasil seria pautado pela cotação do barril de petróleo no mercado internacional – em dólar. Quando a Petrobras implantou oficialmente a política de preços, em outubro de 2016, a gasolina nos postos custava R$ 3,69. Essa política ajudou a empresa a recuperar valor de mercado, voltando a ser a empresa mais valiosa do Brasil.
Nos últimos meses, tanto o barril de petróleo quanto a moeda americana têm se valorizado no mercado internacional. Isso impacta diretamente o preço dos combustíveis no Brasil e beneficia os cofres da Petrobras. E afinal, quase 50% do preço do produto é imposto, quem mais ganha com um aumento do preço é o governo. Enquanto isso a população, a revenda e os caminhoneiros seguem na luta. Uma redução de impostos somente sobre o Diesel de nada afeta o preço da Gasolina e também não ataca a raiz do problema. A política de preços da Petrobras e o protecionismo do governo trazem ineficiência para o setor, enquanto o mercado não estiver aberto para uma livre concorrência vamos continuar com problemas.