O setor de combustíveis parece dar sinais de que um cenário marcado por inflação de oferta futura se aproxima. O motivo é o risco da falta de combustíveis derivados de petróleo, motivados por dificuldades de importação causadas pela defasagem dos preços internos em relação aos valores cobrados em escala nacional para o barril de petróleo.
De acordo com a Federação Nacional de Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), as restrições recentemente verificadas para a compra de diesel por revendedores de várias regiões brasileiras se devem a essa defasagem em relação às cotações internacionais do combustível. A entidade acrescenta, ainda, que as regras pouco claras na definição do preço interno dos derivados de petróleo pela Petrobras contribuem para agravar o quadro de incertezas.
O resultado é a retenção preventiva das importações, primeiramente porque se perde na cotação interna dos produtos a serem repassados aos revendedores. Com isso, as oportunidades de importação de combustíveis passam a depender de janelas de relação cambial favorável, tornando o abastecimento sem riscos de escassez de produto uma operação cada vez mais incerta.
Com a dificuldade da importação, a tendência é de que as distribuidoras passem a priorizar sua própria cadeia de postos. Quem perde são as unidades de postos que possuem marca própria, mais conhecidas como “bandeira branca”, ou seja: aqueles postos que não se encontram atrelados a nenhuma distribuidora de maneira exclusiva.
Para a Fecombustíveis, o momento pode ser caracterizado, justamente, por esse tipo de cenário: uma combinação de preços internamente defasados em relação às cotações internacionais, fechamento de janela de importação, adoção de uma política de priorização de postos bandeirados e crescentes dificuldades de obtenção de produto pelos revendedores bandeira branca.
Em comunicado oficial, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) negou qualquer possibilidade de desabastecimento de derivados de petróleo, confirmando a existência de estoques adequados para atender a demanda a contento. Entretanto, o fim da Paridade de Preço Internacional (PPI) pela Petrobras já vinha provocando o temor de vários representantes do setor de revenda de combustíveis, no sentido da possível falta de produto e consequente aumento de preços, que se confirmam através de relatos de diversos revendedores em diferentes regiões do Brasil.
Tentativas de análise conjuntural à parte, o que os acontecimentos recentes ensinam é o risco sempre característico de toda tentativa de controle excessivo de preços, no sentido de planificar a atividade econômica.
O comportamento dos preços internos dos derivados de petróleo no Brasil parece confirmar que a melhor forma de se administrar preços é, de fato, permitir que as forças livres do mercado, inclusive a nível internacional, controlem o equilíbrio entre oferta e demanda e, com isso, os preços de forma justa.
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