Para o setor de comércio varejista de combustíveis, o ano de 2024 promete ser bem movimentado. O motivo para tal expectativa reside tanto no número de transformações em vista quanto no caráter estrutural que tais mudanças significam, algumas afetando diretamente as operações das unidades de revenda, outras exercendo influência decisiva em áreas importantes para o funcionamento dos negócios.
Já em janeiro do próximo ano, entrará em vigência a nova estrutura de funcionamento do mercado livre de energia, com a regulamentação e entrada em vigor dos negócios consumidores de pequena tensão ao lado dos consumidores cuja necessidade de energia está estabelecida em níveis superiores a 2,3 quilowatts. Essa nova forma de operar no mercado de consumo de energia no Brasil poderá resultar em uma significativa redução dos custos de operação dos postos de combustíveis. Entretanto, para isso, é imprescindível a contratação de serviços de consultoria capacitados, pois passará a ser fundamental escolher com eficiência onde contratar energia diretamente do fornecedor.
Em 2024 também há uma certa expectativa voltada para o mercado de carros elétricos que registra constante crescimento ao redor do mundo. O mercado nacional de eletrificados chegou efetivamente próximo à casa de 5% de participação no total das vendas de automóveis e comerciais leves. De acordo com dados da Anfavea, divulgados no início de novembro, a participação dos eletrificados (elétricos + híbridos) em outubro de 2023 fechou em 4,6%. Os elétricos, isoladamente, responderam por 1,1% das vendas totais – novo recorde. Então, como já trouxemos em outras edições, vale ficar de olho nas mudanças que este mercado representam para a revenda de combustíveis uma vez que não se trata mais de uma tendência, mas sim realidade.
No que diz respeito ao mercado internacional de petróleo, tudo leva a crer que alguns dos principais focos de tensão ao redor do mundo tendem a persistir por um bom período. Em relação ao conflito entre Israel e o Hamas, o próprio premier israelense, Benjamin Netanyahu, admite que a guerra contra o grupo terrorista pode levar a um maior tempo de ocupação da Faixa de Gaza. Quanto à Guerra da Ucrânia, os últimos sinais emanados de Washington dão conta do aprofundamento das relações entre a ex-república soviética e o ocidente, o que tende a elevar ainda mais as tensões com Moscou e acirrar o conflito.
Em ambos os casos, os enfrentamentos bélicos ocorrem em regiões com grande capacidade de influência sobre o preço internacional do petróleo. Nesse sentido, torna-se ainda mais vital uma visão estratégica dos recursos internos como forma de fazer frente a possíveis oscilações bruscas na cotação global da commodity.
Nesse contexto, o papel da Petrobrás, maior empresa brasileira no setor, torna-se fundamental na defesa de um preço estratégico para a economia nacional. Apesar disso, o próximo ano caminha para crescentes incertezas, pois o conselho diretor da empresa aprovou, recentemente, modificações no estatuto da companhia no sentido de restringir mecanismos previstos na Lei das Estatais, sobretudo a restrição de indicações para titulares de cargos públicos, bem como o respeito à quarentena de três anos para candidatos a cargos na diretoria que faziam parte da estrutura decisória de partidos políticos, ou que possuíam cargo na estrutura de campanhas eleitorais.
A decisão do conselho diretor da Petrobras foi vista com reserva tanto por especialistas no setor quanto pelo mercado financeiro, pois abre a possibilidade para o retorno de ingerência política na esfera de tomada de decisões da empresa. A decisão final acerca da validade da aprovação cabe ao Supremo Tribunal Federal, que deve se manifestar sobre o caso em 2024.
Ainda sobre as possibilidades do Brasil e sua capacidade de influência na tomada do preço internacional do petróleo, uma notícia de impacto relevante e que deve se confirmar em 2024 é a possível entrada do país na chamada OPEP+, grupo ampliado do conjunto dos mais importantes exportadores da mais importante commodity do planeta.
Apesar do fato de vozes críticas terem se levantado contra a possibilidade, sob a alegação de uma possível contradição entre a pretensão de o país se erguer como principal liderança no processo de transição energética rumo a uma economia livre de carbono, a inserção do Brasil na OPEP+ pode colocar o país em um importante tabuleiro de negociação e uma importante voz, justamente para atenuar os efeitos negativos, para as economias ao redor do mundo, de uma fase de transição menos traumática. Afinal, é ingenuidade pensar que o planeta irá migrar, como em um passe de mágica e em pouco tempo, para a era pós-carbono. Enquanto esse processo, lento e estrutural, não tiver atingido alguma maturidade, o petróleo continua a ser o principal ativo logístico do globo. Ter voz ativa entre os principais definidores de seu preço é não somente vantajoso como necessário.
Se o petróleo continua fundamental para a economia brasileira em 2024, por outro lado as perspectivas para os combustíveis renováveis seguem com boas notícias para o próximo ano. A produção de etanol de cana-de-açúcar deve atingir, em 2024, a marca de 32,3 bilhões de litros, ligeiramente superior ao total produzido em 2023, que ficou em 31,8 bilhões de litros.
Mas é a produção de etanol de milho que parece explodir no próximo ano. A estimativa é a de que o parque nacional alavanque 6 bilhões de litros em 2024, o que representa um volume 36% maior que aquele apresentado pelo biênio 2022-23.
No que diz respeito ao mercado nacional de diesel tipo B, resultante da mistura entre o óleo convencional à base de petróleo e o biodiesel, o cenário para 2024 também é o de ampliação do mercado, por dois motivos: no próximo ano, o percentual de mistura do biodiesel no produto de origem fóssil vai aumentar dos atuais 12% para 13%.
A outra razão será o recorde previsto na produção de diesel B, de acordo com estimativa da Stone X Consultoria, de um volume equivalente a 66,5 bilhões de litros no próximo ano. Apesar do número inédito, tudo leva a crer que a produção não consiga cobrir integralmente a demanda potencial do mercado brasileiro, calculada em 66,5 bilhões de litros.
Para outras fontes de energia renováveis, como o etanol de 2ª geração, energia eólica e gás natural, a maior novidade para 2024 deve mesmo ser concretizar com a fusão das gigantes Vibra e Eneva. Apesar do temor causado pelos possíveis impactos contábeis resultantes da diferença de tamanho entre as duas empresas, se a união for confirmada, o mercado de produção de fontes renováveis de energia vai contar com a participação de um gigante cujo faturamento conjunto pode alcançar, no próximo ano, R$170 bilhões.
Por fim, 2024 será o ano da largada da aplicação da primeira fase da reforma tributária. No momento, vários Projetos de Lei Complementar estão em fase de elaboração para que a fase executória desse dispositivo legal possa sair definitivamente do papel. Para o setor de combustíveis, o mais relevante parece ser o PLC que abre a possibilidade de restituição de créditos acumulados em razão de cobrança exorbitante do ICMS, tributo que será substituído pelo Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS) no novo sistema tributário.
Período rico em fatos e estimativas para o setor de comércio varejista de combustíveis, o próximo ano promete ser um dos mais agitados em termos de mudanças para os negócios. Tanto no que diz respeito às oportunidades as quais podem ser abertas quanto no que tange às ameaças de instabilidade e insegurança jurídica, será imprescindível que a categoria dos revendedores esteja unida. Definitivamente, será um ano em que a atuação em conjunto poderá significar a defesa de interesses fundamentais para esse ramo estratégico da economia brasileira.
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