Trago uma continuação do último texto, onde falamos sobre as análises de risco que o e-Social tanto exige. Aqui dentro da área de análises, os assuntos começam a ficar mais científicos, principalmente os que envolvem análises de riscos químicos. A revenda de combustíveis se depara com uma substância de grande efeito carcinogênico, ou seja, que tem o poder de transmutar células, e gerar câncer: o Benzeno em postos. E seu perigo e risco dependem das condições de contato, tempo de exposição, dentre outras variáveis.
Para abordar de maneira mais explicativa, entrevistei o professor na UNIFEI-Itabira, o Pós-Doutor e Químico Daniel Crístian Ferreira Soares. Com experiência na pesquisa e no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados aplicados às áreas farmacêutica e biomédica, objetivando o diagnóstico e/ou o tratamento de patologias infecciosas e câncer.
Professor Daniel, poderia explicar o que é de fato o benzeno, este composto químico tão falado, que envolve a exposição na área de trabalho nos postos de revenda?
Primeiramente devemos focar na toxicidade do benzeno. Este composto é um hidrocarboneto (composto formado por hidrogênio e carbono) e está localizado na classificação chamada : hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Todos os compostos desta cadeia possuem uma toxicidade muito elevada, pois possuem um alto potencial carcinogênico, ou seja, índices de modificações genéticas que podem causar câncer perante exposição. Está presente na fórmula do diesel e gasolina, mas em índices muito mais elevados na gasolina.
Qual a sua opinião acerca da importância da análise de riscos envolvendo a exposição à este composto?
Existem limites definidos por estudos toxicológicos, porém não existe um limiar bem definido, melhor dizendo, a partir de qual valor de exposição existe um risco potencial de modificação genética.
Apenas existe um risco determinado ou efeito determinístico. Ou seja, a partir de qual valor tem-se células mutadas ou modificações nas estruturas dos animais. Portanto ainda não se tem uma clareza de um limiar da potencialidade do efeito à esta exposição, e daí sai a necessidade de um estudo para controle das exposições. Uma análise de riscos químicos apurada, para realização de ações no trabalho condizentes com o risco à exposição, é e o que o e-Social espera das gestões brasileiras perante seus funcionários.
Qual é o caminho para que o profissional analítico possa avaliar e mensurar este risco de fato?
A análise de risco permite chegar a valores ou estudos mais amplos. Já existem estudos científicos na literatura, artigos publicados, que mostram metabólicos do benzeno. Basicamente, estes estudos provam que, ao ser metabolizado no figado do ser humano, o benzeno tem o poder de formar o ácido Trans-transmucônico. Este ácido pode ser dosado na corrente sanguínea através de experimentos laborais, podendo ser realizada uma comparação paralela entre a concentração prévia já existente, sendo este estudo uma excelente ferramenta para se constatar dados clínicos de funcionários, e até mesmo podem ser utilizados para se encontrar medidas de prevenção e ação estratégica.
Como você avalia a implantação do e-Social no nosso país?
Entender os papeis de cada um no processo diário de trabalho é fundamental, exatamente para que o empregador tenha a consciência e a preocupação que estas exposições existem, eles devem conduzir estudos mais detalhados, simplesmente para serem estabelecidos através de constatações reais entre horas, dias, meses e ano de trabalho com as concentrações de ácido trans-transmucônico no sangue. Por esta simples constatação, deve haver, por parte dos gestores, investimentos mais detalhados através de pesquisas. Por esta razão o governo vem se preocupando, e está implementando o sistema.
Através desta explicação percebemos que o sistema só engrandecerá o trabalho, e com certeza ajudará no desenvolvimento do ser humano como homem, e não máquina. Sem sombra de dúvidas, observaremos grandes crescimentos econômicos e sociais em nosso país. E temos o desafio de sermos pioneiros nas ações do trabalho.