A forma como os postos de combustíveis operam está passando por transformações tecnológicas no mundo todo, e o autoatendimento é um dos modelos que gera mais debates no setor.
Em diversos países, postos self-service, ou seja, postos sem frentistas, já são realidade e prometem redução de custos operacionais, otimização do atendimento e uma maior independência para os clientes. Mas será que essa tendência faz sentido no Brasil?
Essa mudança pode significar uma grande reestruturação no modelo de negócio, impactando desde a operação diária até a experiência do consumidor. A questão central não é apenas se o Brasil está pronto para esse modelo, mas se ele realmente traz benefícios para os empresários do setor.
Por isso, neste artigo vamos explorar como funcionam os postos self-service, quais são seus desafios e oportunidades e o que essa tendência pode representar para o futuro do mercado de combustíveis no país. Acompanhe!
O que diz a legislação brasileira sobre postos self-service?
No Brasil, a Lei nº 9.956, de 12 de janeiro de 2000, proíbe o funcionamento de bombas de autoatendimento em postos de combustíveis em todo o território nacional.
Essa legislação foi implementada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, com o objetivo principal de proteger os empregos dos frentistas e garantir a segurança no abastecimento, evitando riscos associados ao manuseio inadequado de combustíveis por pessoas não treinadas.
Recentemente, o tema voltou a ser discutido no Congresso Nacional. O Projeto de Lei 5.243/2023, do senador Jaime Bagattoli (PL-RO), propõe que até 50% das bombas podem ser de autosserviço, dando ao consumidor a opção de escolher entre ser atendido ou realizar o abastecimento por conta própria.
A justificativa para essa proposta é modernizar o setor, reduzir custos operacionais e alinhar o Brasil às práticas internacionais.
No entanto, o projeto enfrenta forte resistência, especialmente por parte de sindicatos e entidades que representam os trabalhadores do ramo. Atualmente, o Brasil conta com mais de 500 mil frentistas, e acreditam que a liberação do autoatendimento poderia resultar em um alto índice de demissões.
Posto sem frentista: o que muda com as bombas de autoatendimento?
O posto sem frentista existe nos EUA pelo menos desde a década de 1950. Ele é operado por um tipo de computador mecânico, que zera a bomba após cada novo cliente, e se mostrou um sucesso desde o início.
Afinal, ele permite a venda por um preço mais barato e a escalada de negócios do empresário, que não precisa gerir uma grande equipe de funcionários.
Esse sistema também complementava a operação da maioria dos postos norte-americanos, os quais exigiam, em sua maioria, que o consumidor entrasse na loja de conveniência para fazer o pré-pagamento do abastecimento. Uma vez lá dentro, eles consumiam outros produtos oferecidos pelo local.
Desde os anos 1980, é possível realizar o pagamento diretamente nas bombas de combustível, por meio de cartão de crédito, e hoje esse modo de trabalho representa mais de 90% do mercado norte-americano.
Na América Latina, alguns países também já se tornaram adeptos ao modelo, mas de maneira híbrida. No Chile e na Argentina, por exemplo, muitos postos oferecem bombas de self-service ao lado do atendimento tradicional.
A ideia é permitir que o consumidor escolha entre abastecer sozinho ou contar com a ajuda de um frentista. Esse formato busca equilibrar a redução de custos operacionais com a manutenção de empregos no setor.
Leia também: Como uma boa gestão financeira pode transformar o seu posto de combustíveis?
4 vantagens dos postos self-service
1. Redução de custos operacionais
A despesa com mão de obra é o terceiro maior custo de um posto, ficando atrás apenas dos combustíveis e dos impostos. Assim, seria possível reduzir significativamente seus investimentos operacionais, aumentando sua margem de lucro e simplificando a administração do negócio.
2. Preços mais baixos para os consumidores
Com a economia gerada pela redução da folha de pagamento e encargos trabalhistas, há a possibilidade de repassar parte desse benefício ao consumidor, tornando os preços mais competitivos. Isso poderia atrair mais clientes para os postos que adotassem o modelo self-service.
3. Modernização do setor e adaptação ao mercado global
Nos Estados Unidos, Canadá e parte da Europa, esse modelo já é amplamente adotado e está associado a um alto nível de automação, com bombas integradas a sistemas de pagamento digital.
A implementação no Brasil poderia impulsionar a modernização do setor, tornando os postos mais eficientes e alinhados às tendências globais.
4. Possibilidade de adoção de um modelo híbrido
Em alguns países, o modelo foi implementado de maneira híbrida, permitindo que o cliente escolha entre abastecer sozinho ou contar com a ajuda de um frentista. Essa maneira poderia ser uma alternativa viável para o Brasil, equilibrando inovação e manutenção dos empregos no setor.
4 desvantagens dos posto self-service
1. Redução de custos pode ser menor do que o esperado
Embora a eliminação dos frentistas reduza parte das despesas operacionais, a mão de obra representa apenas uma fração do custo total do combustível.
Impostos e o próprio valor do produto são os principais fatores que determinam o preço final ao consumidor, o que significa que a economia gerada pode não ser tão significativa quanto se espera inicialmente.
E mesmo que o frentista seja retirado do custo do posto de combustível, muitos outros funcionários continuarão empregados. Gerentes, auxiliares e seguranças, por exemplo, são necessários mesmo com bombas self-service.
2. Filas maiores e experiência do consumidor prejudicada
O tempo médio de abastecimento com um frentista é inferior a três minutos, enquanto em postos self-service, clientes podem levar até 10 minutos para concluir o processo, principalmente no início da modernização.
Isso pode gerar filas mais longas e maior tempo de espera, especialmente em horários de pico, impactando negativamente a experiência do consumidor. Além disso, a ausência de um profissional treinado pode dificultar o atendimento de motoristas que não estejam familiarizados com o funcionamento da bomba.
3. Questões de segurança
O manuseio de combustíveis exige cuidados específicos para evitar vazamentos, incêndios e outros acidentes. Atualmente, os frentistas são treinados para lidar com esses riscos, mas no autoatendimento, a responsabilidade recairia sobre o consumidor, o que poderia aumentar o número de ocorrências por uso inadequado das bombas.
Saiba mais em: Medidas de segurança em postos de combustíveis: guia completo para proteger clientes e colaboradores.
4. Necessidade de adaptação tecnológica
A transição para o modelo exigiria investimentos em equipamentos modernos, como bombas automatizadas, sistemas de pagamento digital e sensores de segurança.
Esse alto custo inicial poderia ser um desafio para postos de pequeno e médio porte, tornando a implementação inviável para muitos empresários do setor.
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A discussão sobre postos self-service no Brasil ainda está longe de um desfecho, e enquanto o futuro do setor é debatido, o que realmente faz diferença para o sucesso do seu posto é uma gestão estratégica e eficiente.
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Dúvidas frequentes sobre postos self-service no Brasil:
O que é um posto self-service?
Um posto self-service, ou posto sem frentista, é um modelo de abastecimento onde o próprio motorista opera a bomba de combustível, sem a necessidade de um atendente.
Esse sistema é amplamente utilizado em países como Estados Unidos e Canadá e, em alguns casos, funciona de forma híbrida, como no Chile, onde há bombas com e sem frentistas.
Postos sem frentista são permitidos no Brasil?
Não. A Lei nº 9.956/2000 proíbe o funcionamento de postos self-service no país. No entanto, há projetos em discussão no Congresso que buscam flexibilizar essa regra.
Quais países adotam o modelo de postos self-service?
É essencial utilizar tanques certificados e realizar manutenções periódicas para evitar vazamentos. Além disso, o armazenamento deve seguir as normas da NBR 14639 e da ANP (Agência Nacional do Petróleo), assegurando que inflamáveis sejam mantidos em locais apropriados e com ventilação adequada.
Se o autoatendimento for aprovado, todos os postos precisarão aderir?
O descumprimento das normas pode resultar em multas, processos judiciais e até interdição do estabelecimento. Além disso, acidentes podem gerar altos custos com indenizações e prejudicar a imagem do posto de combustíveis.
Quais são as principais vantagens do modelo self-service?
Os postos self-service podem diminuir despesas com mão de obra, o que pode refletir em preços mais competitivos para os consumidores. Além disso, há a adaptação tecnológica já existente no mercado global e a possibilidade de um modelo híbrido.
E quais são as desvantagens do modelo self-service?
A principal preocupação é o impacto no emprego dos frentistas, já que o setor emprega mais de 500 mil profissionais. Além disso, há questões de segurança, risco de filas maiores e a adaptação do consumidor, que pode não estar familiarizado com o processo.
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